O Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) deu um passo importante na assistência especializada. Já está em operação o primeiro aparelho de vídeo eletroencefalograma da rede pública do DF. O vídeo-EEG é um dos exames mais avançados para o diagnóstico de epilepsia e outras condições neurológicas.
O primeiro paciente selecionado para realizar o vídeo-EEG no Hospital de Base foi Eduardo Rodrigue Ferreira dos Santos, de 25 anos. Ele começou a ter episódios convulsivos aos 6 anos e faz acompanhamento no HBDF desde os 11. “Estou há 19 anos fazendo eletros, ressonâncias, sem nunca ter uma resposta. Essa é a nossa última esperança, e posso até parar de ter episódios”, relata.
Eduardo fala em chance de remissão da doença porque o equipamento registra a atividade elétrica do cérebro associada a filmagens contínuas. Eletrodos são aplicados na cabeça do paciente para monitorar as áreas responsáveis por episódios neurológicos. Durante cerca de cinco dias, a pessoa permanece internada no hospital enquanto todos os movimentos são registrados 24 horas por dia.
O equipamento também inclui câmeras de vídeo, inclusive com visão infravermelha para registros noturnos, e microfones para captação de áudio. Dessa forma, qualquer episódio é documentado com precisão para análises futuras.
“Com isso, é possível avaliar se o paciente é portador de epilepsia e qual tipo de crise ele tem. E também é possível distinguir se o paciente é candidato a cirurgias, o que pode levar até à remissão total da doença”, explica o médico André Ferreira, chefe da Neurologia do HBDF.
Apesar do alto custo do procedimento, o especialista ressalta que o exame gera economia a longo prazo. “Estudos mostram que, se você identifica a epilepsia de um paciente e o opera logo, ao longo de 20 anos isso acaba sendo mais barato do que a continuidade de um tratamento durante esse tempo. Além disso, para o paciente a possibilidade de se livrar dos episódios, não tem preço”, complementa.
Segundo a mãe de Eduardo, Selma dos Santos Moreira, a família espera que o diagnóstico traga mais independência ao filho. “É muito complicado porque ele precisa ter acompanhamento o tempo todo. Ele tem convulsões quase toda semana, e quando tem, precisa ter alguém perto já que pode se machucar. Ele não pode dirigir, trabalhar, sair sozinho. É muito difícil”, desabafa.
Para o neurologista André Ferreira, a oferta do exame representa um marco para o hospital. “Fico muito feliz de podermos finalmente levar um cuidado muito mais complexo para o paciente usuário do SUS. Essa é uma conquista de vários médicos que me antecederam e de todas as pessoas que aguardam por esse exame”.