Parlamentar sugeriu que sindicalistas realizem auditoria nas contas das lideranças como forma de preservar a integridade das entidades

Em pronunciamento durante oitiva do presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical), Milton Baptista de Souza Filho, nesta quinta-feira (9), a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) cobrou uma revisão de todo o sistema sindicalista brasileiro.

A parlamentar defendeu a medida como forma de preservar as atividades das organizações que defendem os interesses dos trabalhadores, especialmente num cenário em que lideranças das entidades têm relações diretas ou até mesmo dirigem empresas privadas.

“Façam auditorias. Busquem rever quem está no comando de seus sindicatos. Os que estão vindo aqui simplesmente estão destruindo o movimento sindicalista”, protestou a senadora. 

Damares Alves disse que há contradição entre a situação do sindicalista que contribui com o sindicato e ganha R$ 2 mil na função, enquanto outros estão ficando ricos com casos de corrupção.

A senadora Teresa Cristina (PP-MS) corroborou com a proposta e disse que há uma desmoralização de todo o sistema sindical.

Silêncio

Baptista disse que inicialmente estava disposto a responder aos parlamentares e apresentar materiais à comissão. No entanto, uma ação da Polícia Federal contra ele nesta manhã o fez sentir-se “não confortável” em contribuir, disse. 

“Nós denunciamos esse tipo de fraudes do INSS. Nós estávamos preparados para, inclusive, passar um vídeo colocando a história do sindicato. Está há 25 anos na luta em prol dos aposentados, não foi criado de fachada. Podem marcar uma nova vinda minha aqui que eu virei demonstrar a lisura do sindicato”, disse Baptista, que é presidente da organização desde 2023.

A Polícia Federal realizou 66 mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Sem Desconto, incluindo na Sindnapi. A casa de Baptista foi arrombada pela PF nesta manhã, informou seu advogado Bruno Garcia Borragine.

A operação investiga, desde abril de 2025, associações acusadas de falsificar autorizações de idosos. Os documentos eram usados para que o INSS descontasse automaticamente, das aposentadorias e pensões, a mensalidade associativa. Para isso, cerca de 40 entidades se utilizaram irregularmente de Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o órgão.

Os valores desviados iam para as associações sob justificativa de oferecer serviços diversos aos associados, o que não acontecia. O prejuízo estimado foi de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

*Com informações da Agência Senado